O mundo está em disrupção. A inovação disruptiva é um produto ou serviço que cria um novo mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam. É geralmente algo mais simples, mais barato do que já existe ou algo capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado. Clayton Christensen, professor em Harvard, cunhou este termo. Ele se inspirou no conceito de “destruição criativa” criado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em 1939 para explicar os ciclos de negócios. O termo apareceu pela primeira vez em um artigo de 1995, Disruptive Technologies: Catching the Wave. Depois, Christensen aprofunda o tema nos livros The Innovator’s Dilemma e The Innovator’s Solution.
Este conceito serve para explicar a seguinte teoria: quando uma empresa lança uma tecnologia mais barata, acessível e eficiente, mirando margens de lucros menores, cria uma revolução. Deixa obsoleto quem antes era líder de mercado. O preâmbulo colabora para exemplificar o crescimento exponencial da energia solar em sistemas de mini e microgeração distribuída em curso no Brasil: integradoras de energia solar crescem 356% em dois anos, ou seja, o número de empresas integradoras de sistemas fotovoltaicos cresceu de 2.741 em janeiro de 2018, para 6 mil no mesmo período de 2019. Hoje são 12.5 mil, indicador que reforça o ritmo de franca expansão do segmento solar no país. O estudo foi revelado por pesquisa divulgada pela Greener, empresa de consultoria especializada no setor.
Segundo a pesquisa divulgada pela Greener, 1.39 GW em sistemas fotovoltaicos foram conectados em 2019, um investimento superior a R$ 6 bilhões em geração distribuída compartilhada na rede. O levantamento também constatou que, entre os módulos fotovoltaicos instalados, a grande maioria segue sendo importada - os nacionais representam apenas 3% do mercado brasileiro em 2019. A pesquisa da Greener foi realizada entre 19 de dezembro de 2019 e 27 de janeiro de 2020, entre empresas que efetivamente atuam no setor. Hoje, há um total de 215 mil sistemas fotovoltaicos conectados no país, o que representa 0.26% das 84 milhões de unidades consumidoras do território nacional. O Estado de Minas Gerais lidera em número de unidades consumidoras conectadas, somando 53.3 mil.
Para 72% das empresas consultadas, as taxas de juros e a complexidade no processo de aprovação do crédito necessitam de maior agilidade para acelerar o financiamento de projetos. A economia de energia continua sendo a principal motivação dos clientes para adquirir um sistema, citado por 92.7% dos consultados. A redução de preços de equipamentos para o cliente final foi em média de 9.3% em relação aos últimos 12 meses. Levando em consideração somente os kits fotovoltaicos, houve queda de preços estimada de 6% nos últimos seis meses. Desafios regulatórios, tempos de conexão oferecidos pelas concessionárias e a segurança jurídica de empresas e consumidores, permanecem entre as questões a serem sanadas para ascensão do crescimento exponencial do setor.
Excelente texto. Além do financiamento, das questões regulatórias e da disponibilidade de fornecedores, há um grande desconhecimento do funcionamento, da estrutura necessária, dos benefícios e dos impactos para a sociedade. Interessante que o próprio setor criando alternativas e seus próprios mecanismos.